Nos últimos anos, a mudança climática passou de uma preocupação teórica para uma realidade urgente.

Com recordes de temperatura sendo quebrados, eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e a aceleração do degelo polar, a necessidade de ações concretas e coordenadas se tornou inadiável.
Nesse contexto, a COP29, marcada para acontecer em Belgrado no final de 2024, e a COP30, que será realizada em 2025 no Pará, Brasil, despontam como momentos decisivos para as políticas climáticas globais.

A COP29, em Belgrado, será um fórum vital para avaliar o progresso dos compromissos assumidos no Acordo de Paris.

Um dos principais temas que emergem para essa conferência é a transparência, com ênfase nos Relatórios de Transparência Bienais (BTRs). Esses relatórios são cruciais para garantir que os países cumpram suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa e para atrair o financiamento necessário às suas iniciativas climáticas.
Durante a preparação para a COP29, o Diálogo de Alto Nível em Baku, em setembro de 2024, lançou a Plataforma Global de Transparência Climática de Baku (BTP).

Essa plataforma tem como objetivo apoiar países, principalmente os em desenvolvimento, na preparação de seus BTRs. Marcello Rodante, que acompanha de perto as negociações sobre mudança climática, observa: “A transparência é a chave para construir confiança entre as nações e, ao mesmo tempo, estimular mais ambição climática. Os países precisam não apenas prometer, mas demonstrar progresso real.”

O uso de dados transparentes é uma maneira de fortalecer a cooperação internacional e facilitar a mobilização de recursos financeiros, especialmente para nações que mais precisam de apoio para enfrentar os impactos da mudança climática.

Tiago Ricci, que tem vasta experiência em consultoria climática, destaca que “com a Plataforma de Transparência, países em desenvolvimento têm uma oportunidade real de mostrar seu progresso e atrair mais investimentos para soluções sustentáveis.”

A COP30, prevista para acontecer em 2025 no estado do Pará, Brasil, será um marco importante, pois coincide com o encerramento do primeiro ciclo de cinco anos do Acordo de Paris.
A escolha do Brasil, e especificamente do Pará, como sede da conferência, ressalta o papel central que a Amazônia desempenha na mitigação da mudança climática.

Marcello Rodante ressalta a relevância da escolha: “O Pará não é apenas um símbolo da riqueza natural do Brasil, mas também um local crítico para as discussões sobre preservação ambiental e crédito de carbono. Esta será uma COP estratégica para unir a conservação ambiental à economia global de carbono.”
As expectativas para a COP30 são altas, especialmente com a avaliação dos compromissos climáticos nacionais (NDCs), onde os países deverão ajustar suas metas à luz dos avanços e desafios identificados.
Além disso, a COP30 oferecerá uma oportunidade para discutir o papel dos créditos de carbono e outras ferramentas de mercado que podem ajudar a financiar a transição global para uma economia de baixo carbono.

O estado do Pará já é pioneiro em iniciativas de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação), e espera-se que esse tema seja central nas negociações da COP30.

Ambas as conferências — a COP29 e a COP30 — representam marcos importantes no caminho para limitar o aquecimento global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

No entanto, os desafios permanecem enormes, incluindo a necessidade de maior financiamento para mitigação e adaptação, especialmente para países em desenvolvimento, e a implementação eficaz dos compromissos assumidos.

Como Tiago Ricci enfatiza, “essas conferências precisam deixar claro que estamos não apenas discutindo, mas agindo de forma decisiva para proteger o futuro do planeta.”